Fernando, presidente: "Movimentos para criar flexibilidade para o desenvolvimento e melhora da rentabilidade dos negócios" Há cerca de três anos, o empresário Fernando Simões, presidente da JSL, percebeu que o crescimento de quase dois dígitos ao ano no volume de negócios tinha também seu lado ruim.
O investimento total na construção do navio, previsto para ser entregue em abril de 2019, é de cerca de US$ 28,5 milhões. Atualmente, a Log-In utiliza seis porta-contêineres em sua frota. Vale lembrar que os navios já em operação são similares ao novo ativo da companhia, o Log-In Polaris.
Enquanto garantia expansão mesmo em época de crise econômica, fundamental para uma empresa de capital aberto, trazia o risco de engessar a JSL, reduzindo a agilidade que justamente mantinha a companhia em crescimento. A saída foi começar a desenhar um novo grupo. O processo foi concluído este mês e passa a vigorar, oficialmente, a partir de janeiro. O conglomerado, com 24 mil funcionários e receita líquida que vai passar dos R$ 7 bilhões este ano, separou as principais áreas de negócios em cinco empresas (ver gráfico abaixo). Três delas são subsidiárias integrais: JSL Concessionária de Veículos; JSL, de serviços dedicados de logística; e Vamos. A CS Brasil terá participação de 9% da família Borgato. A quinta empresa é a Movida, que já tem 34,4% do capital na B3. Cada uma delas terá um presidente, que se reportará ao conselho da JSL, presidido por Simões.
A maioria dos executivos à frente das subsidiárias são funcionários do grupo. Até então essas atividades estavam sob a JSL, sem a visibilidade que o controlador almejava para cada área. O foco principal com a mudança é ter redução de custos, retorno conhecido e claro e metas para os negócios. "O que estamos fazendo são movimentos para criar flexibilidade para o desenvolvimento e melhora da rentabilidade dos negócios", disse Simões, em entrevista ao Valor. A nova estrutura foi toda desenhada dentro de casa e será divulgada amanhã ao mercado. "Há negócios que podem crescer mais rapidamente, outros que têm menos demanda e vão crescer menos. Há negócios que dão mais retorno e que, separados, têm um foco claro. Hoje, essas unidades têm um tamanho de empresa totalmente independentes", disse o presidente.
A antiga estrutura construída ao longo de 60 anos não comportaria um novo ciclo de desenvolvimento. "A nova estrutura simplifica o dia a dia e dá foco a cada negócio", define Denys Ferrez, diretor executivo administrativo e financeiro e de relações com investidores. Criada em 1956 em Mogi das Cruzes (SP) com apenas um caminhão dirigido pelo fundador, Júlio Simões, pai do atual presidente, a empresa cresce em ritmo chinês. De 2010 até hoje o faturamento aumentou 90% assentado no binômio diversificação de serviços e de segmentos. Com a carteira altamente pulverizada, a JSL não está ancorada em um único cliente - o maior deles, de mineração, responde por 8% da receita - ou em poucos setores. Questionado, Simões afirma que a reestruturação não teve como objetivo tornar a JSL uma "companhia de portfólio" para facilitar uma eventual venda parcial ou total de seus ativos. "Não está no radar", disse, mas não fechou a porta. "Não temos nenhuma necessidade de capital novo. Agora, conversa é o que a gente mais faz."
A compra da Borgato, grupo que atua na locação e comercialização de caminhões, máquinas e equipamentos agrícolas, é resultado de uma dessas conversas, iniciada há anos. A transação ocorreu neste ano e depende agora apenas da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). "O grande negócio é você fazer todo o movimento para que não precise fazer nada, mas que esteja aberto para fazer tudo", resumiu Simões, 50 anos. De acordo com ele, ao dar mais transparência aos tipos de serviços e operações, a empresa tem mais facilidade para acessar recursos com fontes além das instituições bancárias tradicionais e a custos mais baixos. O desafio é fazer essa transição sem perder a ternura jamais. "Vamos fazer isso ser perder a cultura e valores do que tem sinergia", disse. Apesar de em sua trajetória ter adquirido várias empresas, somente 10% do faturamento da JSL advém de aquisições. A estratégia é crescer organicamente, sobretudo agregando serviços aos clientes atuais, numa espécie de verticalização da cadeia logística. Simões diz que tem um índice de renovação de contratos de 85% a 90%. E o objetivo é sempre agregar mais serviços em cada renovação. Outra fonte de crescimento será com a operação de serviços de concessões, como de transportes. A JSL estuda projetos de concessões que exijam pouco investimento. Em 2015 a empresa disputou a concessão para explorar a Ponte Rio-Niterói, arrematada pela Ecorodovias. Simões não adiantou quais ativos estão sendo avaliados. "Estamos olhando tudo", disse, como geralmente fazem os executivos.